Tuesday, November 29, 2011

Entrevista a família vegetariana - um testemunho nas "1ªpessoas" ;O)

Aqui segue um breve testemunho que ajuda, sobretudo, a desmistificar a ideia de que se ser vegetariano é um "bicho de 7 cabeças". Neste caso um testemunho da família que tenho o enorme privilégio de constituir ;O)
Espero que seja útil mesmo que possam não concordar com tudo o que se escreve
Abraços e Beijinhos
Pedro Jorge Pereira - Segredos da Horta

Copyright Centro Vegetariano. Reprodução permitida desde que indicando o endereço: http://www.centrovegetariano.org/Article-581-Entrevista%2Ba%2Bfam%25EDlia%2Bvegetariana.html

Cristina Gomes, 30 anos, psicóloga e Pedro J. Pereira, 32 anos, formador eco social são pais do Pedro com 3 anos e da Inês com 6 meses.
O Centro Vegetariano pediu-lhes que partilhassem connosco as suas experiências como família vegetariana.


Que tipo de alimentação seguem os pais e desde que idades?

Pjp: Deixei de ingerir qualquer tipo de carne há cerca de 17 anos e peixe há cerca de 11 anos. Durante algum tempo cheguei a praticar de forma plena o veganismo. Neste momento consumo ocasionalmente algum tipo de queijo mais artesanal e ovos biológicos.

Cris: No meu caso, primeiro deixei os ovos e os lacticínios por volta dos 24 anos. Pouco tempo depois deixei de comer carne. Com 25 anos, deixei igualmente de consumir peixe, tendo-me tornado nessa altura praticamente vegana. Foi na minha primeira gravidez que voltei a consumir ovos e queijo, tendo assumido desde essa altura uma alimentação vegetariana, que ainda mantenho atualmente.


Cristina, que idades tinhas aquando das gravidezes?

Cris: Quando soube que estava grávida pela primeira vez tinha 26 anos e na segunda vez tinha 29 anos.


Durante as gravidezes foram incluídos ou excluídos alguns hábitos alimentares, por exemplo, toma de suplementos? Se sim, quais foram as alterações feitas?

Cris: Na primeira gravidez tomei o mesmo que toma a maioria das grávidas, ácido fólico no primeiro trimestre e iniciei a toma do ferro a partir do segundo trimestre. No entanto como não me sentia muito bem com a suplementação e os níveis de ferro estavam ótimos, acabei por pouco tempo depois parar de tomar a medicação.

Na segunda gravidez tomei o ácido fólico no primeiro trimestre e depois não tomei mais nada. No entanto, como no final da gravidez me sentia mais cansada que o habitual e os níveis de ferro e vitamina B12 estavam um pouco mais baixos, aceitei a sugestão de suplementar ambos.


Optam por que tipo de medicina para vocês e para as crianças? Como agem em relação à vacinação?

Pjp: O tipo de medicina que praticamos é essencialmente “preventivo”. Ou seja, temos uma preocupação (descontraída) particular com a nossa alimentação e estilo de vida em geral. Para os nossos filhos confiamos numa médica que tendo uma formação “convencional” neste momento segue uma linha com uma abordagem profundamente holística e essencialmente de pendor homeopático. Em situações muito esporádicas recorremos à medicina convencional.

Em relação à vacinação neste momento olho-a com total desconfiança. Basta pensar, por exemplo, que os planos de vacinação são bastante diferentes de país para país, em função, por exemplo, das diferentes farmacêuticas que comercializam as vacinas. Existem enormes lacunas relativamente ao estudo e avaliação dos ditos “efeitos secundários” da vacinação. Obviamente que existe uma “cultura” de medo e forte pressão científica para implementar a vacinação, e regra geral essa pressão é extremamente eficaz. Muito poucos pais ousam colocar em causa o “dogma” da vacinação ou sequer pesquisar informação independente sobre o tema. Nós fizemos isso e, em função da informação que recolhemos, a minha forma de olhar para a vacinação mudou por completo. Até admito que nalguns casos possam haver alguns benefícios, mas os possíveis impactos negativos (nomeadamente até com a combinação de diferentes vacinas) são em larga medida sonegados, como se as vacinas fossem perfeitas e não tivessem qualquer efeito secundário grave. Parece-me algo estranho as vacinas serem tão “perfeitas” se os próprios medicamentos convencionais que não são tão “invasivos” como as vacinas têm imensos efeitos secundários.

Cris: De facto acreditamos essencialmente que a saúde não está isolada do contexto em que vivemos. Daí procuramos que os nossos filhos (e nós mesmos claro) vivam de uma forma o mais harmoniosa possível, com contacto com a natureza, uma alimentação cuidada e exercício físico. Mente sã, corpo são. Quando a doença surge, procuramos seguir uma via o mais natural possível, observando e dando tempo e espaço a que o corpo e as suas defesas naturais se manifestem. O nosso filho mais velho apenas uma vez tomou antibiótico a partir daí foi sempre seguido pela médica, sendo utilizada apenas medicação homeopática ou natural.

Quanto à vacinação, após termo-nos informado mais acerca do assunto, acabamos por decidir que não iríamos vacinar mais o nosso filho (nos primeiros 9 meses recebeu todas as vacinas do plano nacional de vacinação) e à nossa segunda filha já não lhe foi administrada qualquer vacina.


Procuraram informações mais detalhadas sobre alimentação e suplementação da mãe e crianças quando decidiram ter filhos? Onde?

Cris: Sim, bastante. A principal fonte foi a Internet. Depois por parte dos profissionais que acompanharam de perto a minha gravidez e eles mesmos foram esclarecendo algumas duvidas e/ou dando algumas sugestões.

Pjp: Recolhi alguma informação mais junto de amigos vegetarianos que também são pais.


Os bebés foram/são amamentados? Se não, como foi/é feita a alimentação?

Cris: Sim, o nosso primeiro filho foi amamentado até aos 20 meses e a segunda filha está a ser igualmente amamentada.


Com que idade começou o Pedro a comer outros alimentos que não o leite materno e que tipo de comidas?

Cris: Tive de introduzir outros alimentos aos 5 meses para lhe dar tempo de se adaptar antes de eu ir trabalhar. Os alimentos que começou por ingerir foram frutas esmagadas (pera e banana crua, maçã cozida) e papas caseiras feitas com o meu leite, fruta e farinhas integrais.

Pjp: A farinha de arroz ou de aveia, só para citar dois exemplos, são excelentes. Normalmente as pessoas vegetarianas, quando praticam uma alimentação diversificada, acabam por conhecer muito mais opções e possibilidades do que as pessoas omnívoras. Infelizmente, a grande maioria das pessoas ainda acaba por optar pelas papas “industriais”. Sem grande noção ou conhecimento de todos os aspetos negativos que elas têm (presença de substâncias conservantes, por exemplo).


Vão educar os vossos filhos na ética e alimentação vegetarianas?

Pjp: Sim, certamente. Não é algo que queiramos impor, mas é um valor preponderante na nossa alimentação e especialmente filosofia de vida. Creio que nossa educação será sempre alicerçada no vegetarianismo como um valor ético, ecológico e espiritual fundamental, mas também pretendemos respeitar a liberdade de escolha dos nosso filhos. Se mais tarde eles optarem por comer carne, por muito que isso nos custetentarei respeitar essa opção. Mas fará parte do meu trabalho educativo fornecer-lhes toda a informação porque considero a exploração das outras espécies animais e em particular o consumo de carne tão nefasto para o equilíbrio ecológico do nosso planeta e para o desenvolvimento civilizacional da nossa sociedade. Para além da própria saúde claro.

Cris: Sim, pelo menos enquanto formos nós a escolher o que eles comem! E se depois decidirem seguir um regime alimentar diferente, tentaremos fazer com que pelo menos tenham consciência do que significa e está por trás de um bife no prato ou uma sardinha no fogareiro...


Utilizam produtos ecológicos e veganos para os bebés (fraldas, champôs, cremes, etc.)? Sentem alguma dificuldade em encontrá-los no mercado?

Cris: Tentamos que todos os produtos que consumimos sejam o mais naturais possíveis e tenham o menor impacto ecológico que conseguirmos. Não sentimos dificuldade em encontrá-los porque já sabemos onde os procurar, mas claro que não estão ainda presentes em qualquer supermercado como seria de desejar.

Pjp: Apoiamos projetos e produtos éticos, ecológicos e preferencialmente não comercializados por grandes grupos multinacionais. Creio que é fundamental sabermos viver mais com menos, e esse processo implica todo um esforço de reaprendizagem e reflexão. Mas à parte destas reflexões, sim, sem dúvida, quando compramos tentamos sempre fazê-lo da forma o mais ética, ecológica, económica e socialmente justa. Mesmo que por vezes isso possa implicar ter de pagar mais. Mas mesmo isso é relativo, se calhar por isso mesmo, e dentro das nossas contingências económicas, acabamos por comprar só aquilo que é mesmo essencial.


A nível social e familiar sentiram/sentem discriminações por não serem omnívoros?

Cris: Nem sempre é fácil para quem não é vegetariano aceitar que uns pais tentem educar os seus filhos de forma a serem vegetarianos desde que nascem... Na medida daquilo que é possível tentamos que compreendam as nossas opções, sem grandes expectativas claro, uma vez que às vezes não é mesmo possível fazer surgir essa compreensão. No entanto, basta olhar para o nosso filho e ver como cresce saudável, vigoroso e cheio de energia, para perceber que está ótimo! E isso tem sido de longe o maior argumento que poderia existir em favor do vegetarianismo.

Pjp: De certa forma acho que não, talvez só alguma pressão, mas nada de muito significativo. Creio que as pessoas que me conhecem sabem o quanto o vegetarianismo tem sido crucial no meu estilo de vida e por isso parece-me quase óbvio que seria impensável que fosse educar os nossos filhos de uma forma diferente. O melhor argumento que podemos utilizar é demonstrar a vitalidade e saúde dos nossos filhos. E de facto é importante percebermos quando as pessoas perguntam ou fazem algum comentário realmente com alguma abertura de espírito, ou intuito de perceber algo, ou então simplesmente para provarem o seu ponto de vista e dogmas pró-alimentação carnívora. E nessas situações creio que não vela a pena gastar energia.


Já decidiram como agir no futuro próximo quando as crianças interagirem com grupos de amigos e familiares? Vão permitir, por exemplo, que experimente comer produtos de origem animal na escola ou noutros eventos?

Cris: O nosso filho interage desde que nasceu com pessoas que seguem um regime alimentar diferente do nosso e já aconteceu por exemplo ele provar leite de vaca e automaticamente rejeitar por não gostar. Quanto à carne e ao peixe ele mesmo já diz que não come porque é vegetariano. Fizemos sempre questão de lhe dizer que habitualmente as pessoas comem carne e peixe.

Se acontecer de ele insistir em comer produtos de origem animal e eu estiver presente, tentarei que ele perceba o que está a querer comer e oferecer-lhe-ei uma alternativa dentro dos alimentos que comemos. Se ainda assim ele insistir em provar penso que o deixaria provar.

Pjp: Quando eles forem um pouco maiores, terei sempre a preocupação de lhes mostrar como a “carne é produzida” e como os animais são explorados e submetidos a tanto sofrimento para que aquele bife ou salsicha possa estar no prato. Pelo menos, se mesmo assim decidirem ou quiserem tanto comer carne, não será certamente com desconhecimento (ou encobrimento) de toda a sinistra realidade que está por detrás de um bife.



Copyright Centro Vegetariano. Reprodução permitida desde que indicando o endereço: http://www.centrovegetariano.org/Article-581-Entrevista%2Ba%2Bfam%25EDlia%2Bvegetariana.html

Tuesday, November 15, 2011

Pecado do Dia - Ovo Bio Estrelado, bem acompanhado



A alimentação vegetariana também se pode (deve talvez ;O) permitir a alguns "pecadinhos" ocasionais. Como umas batatas fritas de vez em quando com ovo (biológico e/ou caseiro) estrelado. Uma alheira vegetariana. E pronto, nem mesmo por isso se tem que perder a "composição" e equilíbrio nutricional ;O)